Eu acredito que uma jornada dividida em etapas encolhe o sofrimento, diminui a ansiedade e dá maior sensação de prazer às conquistas e aos desafios.
No Caminho de Santiago dividi minha aventura em 28 etapas: mini conquistas que me motivaram e me impulsionaram a dar o passo seguinte com a mesma intensidade que o primeiro e me transportaram rumo ao mágico.
A primeira etapa, de 26 quilômetros, atravessa os Pirineus. A maioria do percurso consiste em intermináveis subidas íngremes. Como seria uma etapa muito dura, estava eufórico para iniciar a jornada. Minha vontade era partir logo cedo e aproveitar o dia claro e o céu azul, mas me demorei um pouco tirando fotos e curtindo a atmosfera de alegre expectativa da partida.
Assim, logo nos primeiros quilômetros, comecei a me incomodar com o peso da mochila nas costas e toda a euforia inicial deu espaço para a preocupação. Nesse início, com o corpo ainda se ajustando, buscando o ritmo e procurando uma forma confortável de caminhar, eu começava a travar uma batalha também com minha mente.
Entendi por que alguns peregrinos optam por partir de Roncesvalles: justamente para não enfrentar essa altimetria desfavorável!
Primeiro desafio: as subidas do caminho
O primeiro trecho, íngreme e ainda em asfalto, foi de muita apreensão. Nem a natureza deslumbrante do lugar me deixou menos apreensivo. Fui adequando a caminhada com o peso nas costas e sincronizando a respiração ao tamanho das passadas.
A comida já tinha acabado e água estava no fim e, por isso, providenciei uma pausa no caminho, me revitalizei com o conforto e a vista do Albergue A La Champagne no Refugio de Huntto e decidi continuar.
Já caminhava com mais conforto, a mochila não pesava como antes e parecia que eu tinha encontrado o ponto de equilíbrio entre passos/postura/respiração. O Caminho alternava subidas e descidas até a Cruz Thibault, onde entrei à direita em uma bifurcação. Daí por diante, deixei o asfalto para trás e continuei o trajeto somente por trilhas.
Passada a fronteira da França com a Espanha, abasteci-me com a água da fonte de Rolando e cheguei ao Paço de Lepoeder, que está a mais de 1.400 metros de altitude e é o ponto mais alto dessa etapa.
Muitos peregrinos já morreram nessa etapa do Caminho, e é comum você passar por alguma cruz que indica que um peregrino perdeu a vida naquele local, inclusive brasileiros! Isso, de certa forma, meu deixou mais apreensivo.
Segundo desafio: a chuva de granizo
Antes da descida à Roncesvalles, logo após o Abrigo de Izandorre – construído para que, em casos extremos, seja possível o peregrino pernoitar – iniciei a descida em uma área de bosques linda e agradável. Pouco curti desse visual, pois, em questão de minutos, o clima mudou e nuvens escuras se aproximaram. Não imaginei que a tempestade chegaria de forma tão ligeira. Foi uma forma nada agradável de receber as boas-vindas.
Uma forte tormenta de granizo começou e agrediu meu rosto. Pensei em parar, mas a área era arriscada, repleta de árvores e com muitos relâmpagos e trovões me fazendo companhia. Logo no primeiro dia, um grande susto. Mas, da mesma forma, como veio, a tempestade se foi e, como um passe de mágica, o susto passou.
Minha descida até Roncesvalles foi tranquila e harmoniosa. Tudo estava muito sincronizado: o canto dos pássaros, a sombra das árvores que cobriam as trilhas e o barulho das folhas sob meus pés. E mesmo sendo uma descida que exige atenção, eu nem percebi o tempo passar até a entrada da cidade.
Quando fui me aproximando da Abadia de Roncesvalles, a emoção voltou a bater forte! Eu estava terminando minha primeira etapa: a mais temida etapa!
Desafios vencidos!
A mente humana não está habituada a desafios e nos incita a desistir na primeira dificuldade encontrada. Por isso, é preciso definir o propósito que nos move. Esse é o primeiro passo para a busca de novas realizações. É o propósito que gera energia e nos dá força para sair da zona de conforto e vencer os desafios que sempre cruzam nossos caminhos.
Eu conhecia exatamente o meu propósito quando resolvi partir para essa jornada, e isso amenizou todas as dificuldades que encontrei, principalmente a falta de casa e de todos que amo.
Sentia como se toda essa trajetória fosse um caminho, que deveria percorrer dentro de mim, e isso me deu força, autoconfiança e controle emocional para superar cada um dos desafios.
Com o mínimo de roupas e equipamentos fotográficos necessários, eu não consegui diminuir mais o peso da mochila. Então, a saída foi fazer o melhor com o que eu tinha nas mãos naquele momento: sincronizar meus passos, criar meu ritmo, respirar melhor e alinhar a minha postura ao caminhar. Foi essencial encontrar o equilíbrio de tudo!
Na minha bagagem, levei também minhas experiências da minha principal jornada: a da vida! Foram as derrotas que me serviram de aprendizado e as conquistas que me fizeram avançar.
Vivendo e aprendendo
Durante essa primeira etapa, tive que me readequar perante as dificuldades e encontrar soluções imediatas. Isso para que o medo e a ansiedade não me fizessem ter atitudes precipitadas e eu colocasse tudo a perder.
Aprendi que a adaptação a uma nova situação é também uma característica fundamental de pessoas vencedoras.
Nessa jornada, tive que me adaptar várias vezes aos desafios que se apresentavam, mas em momento algum passou pela minha cabeça fracassar, pois estava confiante, bem focado e conhecia meu propósito. Além disso, não queria decepcionar os que estavam torcendo por mim.
Aceite os desafios da vida! Aprenda com cada um deles…
Essa foi a primeira etapa. Ainda restam 27. Acompanhe o desembolar desse trajeto peregrino na Jornada do Autoconhecimento no Instagram. Durante 30 dias eu mostro para você como uma jornada apode mudar a sua vida.
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